sábado, 20 de outubro de 2007

A importância de se chamar Jorge



De cima para baixo: Lafond, Seu, São, Ben, Luiz da Silva e Luiz da Silva Júnior, só para citar alguns exemplos

Fazenda Buracada, zona rural do município de Natividade, estado do Rio de Janeiro. No final da década de 1940, a lavradora Júlia Maria da Silva conheceu o também lavrador Pedro Luiz da Silva. Namoraram por alguns meses, até que veio dele uma proposta de amor, que falava em casamento. Júlia respondeu que iria pensar, numa boa: “Não se dá um sim, assim, à toa", citando Tom Zé.

Passadas semanas, pedido feito... pedido aceito. Já na primeira noite – talvez segunda – duas crianças foram inventadas ali mesmo. No chão da cozinha, na esteira da sala, num canto do quarto. Menino e menina os fizeram. Gêmeos, ainda por cima.

A saúde de Júlia nunca foi de ferro. Na velhice, era a tal pneumonia, diziam. A tosse lhe causaria sérios problemas. Mas, por enquanto, bastava um pré-natal – que não havia. A gravidez se complicou, mas as crianças nasceram (e morreram logo em seguida).

Coitada de dona Júlia, era a primeira gravidez. A segunda veio em 1953. Nascendo-lhe um filho varão, olhou para o céu e fez pose de promessa – se lhe fosse concedida a graça de vingar esta criança, daria-lhe o nome de Jorge, em homenagem ao santo e guerreiro.

Assim, nasceu meu pai, batizado Jorge Luiz da Silva, desconfiado até da própria sombra. Ao nascer-me-eu, batizou-me júnior dele mesmo, Jorge Luiz da Silva Júnior. Como se, naquele momento, incubisse-me a tarefa de usar capa e espada para derrotar dragões caminho a fora – destino daqueles que nasceram para ser Jorge na vida. Salve, Jorge.

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